02 / 04 / 2020 - 16h29
O impacto do coronavírus nos casos de violência doméstica

(advogada criminalista e professora universitária Michele Amorim)

As raízes da violência doméstica se encontram entrelaçadas à estruturação da cultura patriarcal dos papéis sociais, os quais atribuem ao homem e à mulher padrões de comportamentos a serem seguidos, os quais remetem a subordinação feminina e a dominação masculina, afirma a Dra. Michele Amorim, advogada criminalista.

Dessa forma, garante a especialista, que analisar como ocorre a organização da sociedade nos permite uma desarticulação do machismo institucionalizado nas relações sociais, destacando-se, que o fenômeno afeta todas as classes sociais, sendo fundamental, uma abordagem interseccional no combate a violência, pois há grupos mais suscetíveis a sofrerem agressões.

Dra. Michele Amorim, ainda explica que, buscando considerar a complexidade deste problema social, se faz fundamental, além da vigência jurídica, a social, uma vez que somente a jurisdição e a punição dos agressores não se adentram nas origens da violência. Torna-se, ainda, indispensável direcionar o olhar da vítima para que esta compreenda a sua motivação em permanecer na situação de agressão, assim como a frequente dinâmica que antecede o comportamento do agressor, gerando um ciclo de violência.

Em tempos de pandemia, em razão do isolamento social, recomendado pela OMS, há uma ruptura no cotidiano submetendo os indivíduos a um maior contato por meio de uma convivência maximizada, impedindo ao estado atuar de forma preventiva, porém combativa, através do uso da tecnologia.

Com a pretensão de manter o apoio constate às vítimas de violência doméstica, a Patrulha Maria da Penha, no estado do Piauí, manterá o contato via celular e/ ou WhatsApp, bem como a Central de Flagrantes de Gênero permanecerá realizando os atendimentos 24 horas por dia. A vítima possui acesso a ajuda através do número 190, pelo aplicativo Salve Maria, e ainda pelo WharsApp nº (86) 99433-0899 do Centro de Referência Francisca Trindade.

É de extrema importância a necessidade de fornecer assistência para a vítima, proporcionando acesso à informações dos direitos garantidos para a mulher e para os filhos, como pela mídia e pelos atendimentos especializados nas próprias instituições; assegurando alternativas socioeconômicas para as vítimas e desconstrução da naturalização da violência a partir de medidas preventivas pedagógicas, seja nos ambientes escolares, de reabilitação do agressor e no acolhimento a vítima, afim de que os próprios sujeitos envolvidos possam compreender a realidade subjetiva de suas relações.

 



23 de Abril de 2024 05h:27
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